As cuias
decoradas do Pará são um artesanato tipicamente paraense e representam um elemento
de grande valor cultural, um signo, o qual representa uma herança indígena, um
aspecto do modo de vida do ribeirinho e uma Arte Popular.
Facilmente
encontradas nas lojas de artesanato local e é claro, no grande mercado do
Ver-o-Peso, essas cuias fazem parte do conjunto de artesanatos que configuram a
rica e diversa Arte Popular brasileira.
A cuia é o recipiente no qual é tipicamente servido o Tacacá, alimento
também de origem indígena, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) como prato tipicamente paraense. Mas as cuias, não
são somente conhecidas dentro e fora do país, por isso, como também, por seu
valor estético e cultural e, são conhecidas de tempos atrás, pois existem
relatos, descrições de viajantes naturalistas sobre elas que datam do século
XVII, quando ainda eram ornadas e decoradas somente por mãos indígenas. Nesses
relatos, percebe-se também a admiração dos autores pela beleza das peças e da
habilidade das índias no ornato.
Alguns exemplares de cuias decoradas paraenses estão presentes no
Museu do Folclore Edison Carneiro, no Rio de Janeiro e também integram coleções
etnográficas no Museu da Universidade de Coimbra e da Academia de Ciências de
Lisboa. Além de coleções no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.
Embora a produção das cuias aconteça em várias localidades do estado,
são famosas as cuias de Santarém. São inclusive exemplares de cuias santarenas
que compõem o acervo do Museu do Folclore Edson Carneiro.
Na decoração das cuias encontramos elementos do universo amazônico, como,
a fauna, paisagens, motivos étnicos como os traçados indígenas e até desenhos
rupestres e de animais representados ao estilo da cerâmica tapajônica. Essa
decoração é feita com a pintura a óleo (paisagens ou animais da fauna
amazônica) ou ao modo mais tradicional com desenhos incisos na superfície
externa.
O artesanato das cuias paraenses, dada sua importância enquanto bem
cultural, ainda precisa ser mais valorizado, inclusive pala própria sociedade
paraense. O caminho certamente é a difusão desse conhecimento, ou seja, a
educação.